Fragments of a return

“O passado é transformado em memória. Não como o fragmento de um tempo que foi, mas como uma mudança no limiar de existência.” Mauro Maldonato 

“Aqui vivemos, para dizer adeus para sempre.”

Rainer Maria Rilke

Fragments of a return aborda a ruptura com a linearidade e estabilidade do tempo e da memória.

Num momento social de muitas afirmações e pouca modulação entre os conceitos, observa-se os paradoxos relacionados à volatilidade e permanência, à rigidez e fluidez, ao ruído e ao silêncio, à vida e à morte.

Trabalhando com o conceito de “Memória-material”, a pesquisa abarca a inter-relação entre a memória, imagem, imagem da memória e imagem transformada através da passagem do tempo.

Na era da informação e tecnologia, tenta-se a todo custo preservar os dados com inúmeros backups nas mais diversas plataformas. A fotografia, que já carrega consigo o caráter de congelamento do momento capturado, agora em seu momento digital não consegue nem mais envelhecer, amarelar, descascar. Essa plataforma tenta barrar a passagem do tempo, como se não existe o antes e o depois.

Neste debate, Fragments procura discutir esse tempo congelado, fazendo um paralelo com a memória, que muitas vezes parece também intacta mas sofre inúmeras interferências das vivências presentes.

Os lugares que abrigavam as memórias da autora (de quando morou em Amã) foram os guias que levaram à produção das imagens originais. Esta “memória-viva” fez com que ela percorresse novamente parte de sua história e sua relação com a cidade. Depois disso, foram devolvidas à Amã e São Paulo em forma de cartazes lambe-lambe. Assim como acontece com as nossas memórias, as imagens sofreram variadas interferências dos fatores externos, se transformando e degradando com o tempo, clima e a ação humana.

A refotografia dessas imagens lambe-lambe nos muros, transformadas pela ação do tempo, formam a primeira versão do projeto.

As imagens originais foram capturadas durante a Residência Artística realizada em fevereiro de 2015, derivada do prêmio recebido em 2014, no mesmo país.

Exposições:

– 47º Salão de arte Contemporânea de Piracicaba, outubro de 2015.

–  “OpenBox”. Mostra coletiva dos artistas residentes da PaperBoxLabInstituto .São Paulo, maio-julho de 2015.

– Institute Française de Amã, abril de 2015.

https://fragmentsofareturn.wordpress.com/